O que recebo se pedir demissão? Saiba seus direitos, perdas e como planejar a saída do emprego

O cenário trabalhista no Brasil tem evoluído rapidamente, com ênfase nas mudanças comportamentais dos trabalhadores e na busca por melhores condições de trabalho. Em 2025, muitos indivíduos estão optando por pedir demissão em busca de melhores salários, maior flexibilidade e ambientes mais saudáveis. Contudo, essa decisão não deve ser tomada de maneira impulsiva, já que envolve uma série de direitos, perdas e considerações financeiras. Neste artigo, abordaremos em detalhes o que os trabalhadores devem entender sobre suas opções e consequências ao se desligarem de um emprego.

O que recebo se pedir demissão? Saiba seus direitos, perdas e como planejar a saída do emprego

Quando alguém decide se desligar de seu emprego, é vital entender os direitos legais que o acompanham e o que pode ser perdido nesse processo. Especificamente no Brasil, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) regulamenta a rescisão de contratos, garantindo alguns direitos ao trabalhador, mesmo em casos de pedido de demissão.

Quais são os direitos do trabalhador ao pedir demissão?

Ao solicitar desligamento voluntário, o trabalhador tem direito a alguns valores proporcionais baseados no tempo de serviço. Esses direitos incluem:

  • Saldo de salário: Este é o pagamento referente aos dias trabalhados no mês em que a demissão ocorre. Por exemplo, se um funcionário pede demissão no dia 15, ele deve receber metade do salário, proporcional aos dias trabalhados.

  • Férias vencidas e proporcionais: O trabalhador tem direito a receber o valor referente às férias não gozadas e, se ainda tiver direito a férias proporcionais, esse valor também deve ser incluído. É importante observar que o adicional de 1/3 constitucional também deve ser aplicado a esses pagamentos.

  • 13º salário proporcional: Este benefício é calculado com base nos meses trabalhados no ano, sendo crucial para o planejamento financeiro do trabalhador. Cada mês trabalhado garante 1/12 do valor do 13º.

  • Horas extras e comissões devidas: Se o trabalhador possui horas extras ou comissões a receber, esses valores também devem ser pagos na rescisão.

Esses pagamentos devem ser efetuados pela empresa em até 10 dias após o término do vínculo empregatício, conforme estipulado pela CLT. O descumprimento desse prazo pode resultar em penalidades para a empresa, que pode ser multada.

O que o trabalhador perde ao pedir demissão?

Embora haja garantias legais, pedir demissão resulta em perdas significativas. O trabalhador não tem acesso a:

  • Seguro-desemprego: Este benefício é uma rede de proteção para aqueles que são demitidos sem justa causa, mas não se aplica a quem pede demissão.

  • Saque integral do FGTS: Ao contrário do que ocorre em demissões sem justa causa, o trabalhador que pede a própria demissão não pode sacar todo o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.

  • Multa de 40% sobre o FGTS: Essa multa só é devida em casos de demissão sem justa causa, deixando os que pedem demissão sem esse importante incentivo.

Ademais, benefícios como a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) podem ser retidos, dependendo da política interna da empresa. Portanto, é imprescindível fazer uma avaliação cuidadosa do momento financeiro antes de decidir pelo desligamento.

Aviso prévio: cumprir ou não?

O aviso prévio é uma formalidade essencial no processo de demissão, com duração de 30 dias. Este prazo pode ser cumprido de uma das seguintes maneiras:

Em algumas situações, as empresas optam por liberar o trabalhador do cumprimento do aviso prévio, pagando o correspondente ao mês. Essa prática é comum em setores com alta rotatividade, como tecnologia e comércio, onde a necessidade de manter a equipe motivada e satisfeita é fundamental.

Como formalizar o pedido de demissão?

A formalização do pedido de demissão é um passo crucial e deve ser realizada de maneira adequada para evitar problemas futuros. O procedimento começa com a comunicação por escrito. A carta de demissão deve conter informações essenciais, como:

  • Data
  • Nome do empregador
  • Último dia de trabalho
  • Intenção de cumprir ou não o aviso prévio

O ideal é que o documento seja entregue em duas vias, com a assinatura de ambas as partes. Algumas empresas também aceitam a entrega do pedido por e-mail, mas é crucial garantir a confirmação de recebimento.

Demissão consensual: alternativa viável em 2025

A Reforma Trabalhista trouxe a possibilidade de demissão consensual, onde tanto a empresa quanto o empregado chegam a um acordo mútuo sobre o desligamento. Esta modalidade oferece vantagens significativas para ambas as partes, como:

  • Sacar até 80% do FGTS: Ao contrário da demissão comum, o trabalhador pode sacar uma parte do FGTS.

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  • Receber multa de 20% sobre o FGTS: Ao invés de 40% em casos de demissão sem justa causa, a multa é reduzida.

  • Aviso prévio reduzido pela metade: Esta é uma vantagem que destaca a flexibilidade e a possibilidade de uma saída planejada.

Essa opção é atraente para aqueles que desejam sair do emprego com alguma segurança financeira, embora a demissão consensual não dê direito ao seguro-desemprego.

Rescisão indireta: quando a empresa falha

Em situações onde a empresa comete faltas graves, o trabalhador pode solicitar a rescisão indireta. Nesses casos, ele tem direito a todos os benefícios de uma demissão sem justa causa, como:

  • Atraso de salários: Quando o pagamento não é feito em dia, gera insegurança financeira ao trabalhador.

  • Assédio moral: Situações de abuso psicológico devem ser tratadas com seriedade e podem justificar a saída.

  • Descumprimento de obrigações contratuais: Se a empresa não está cumprindo com o que foi acordado, o trabalhador tem o direito de se desligar.

Para formalizar essa modalidade, é necessário reunir provas e, geralmente, recorrer à Justiça do Trabalho para garantir os direitos do trabalhador.

Setores com maior número de pedidos de demissão

Em 2025, áreas como tecnologia, saúde e varejo são as que apresentam os maiores índices de desligamentos voluntários. Essa tendência reflete o desejo crescente por crescimento profissional e melhores condições de trabalho, além da elevada oferta de vagas disponíveis nesses setores.

Empresas dessas áreas estão adotando estratégias para reter talentos, como:

  • Programas de bem-estar: Iniciativas que priorizam a saúde mental e física dos colaboradores.

  • Home office: A flexibilidade de trabalhar remotamente conquistou muitos profissionais, gerando um aumento na busca por essa modalidade.

  • Bonificações por desempenho: Sistemas de recompensa financeira que reconhecem o esforço e o sucesso dos trabalhadores.

Planejamento financeiro: o passo mais importante

Antes de pedir demissão, o planejamento financeiro deve ser uma prioridade. Como não há seguro-desemprego disponível e o acesso ao FGTS é limitado, especialistas recomendam que o trabalhador tenha uma reserva financeira equivalente a pelo menos seis meses de despesas.

Esse tempo de reserva permite que o profissional tenha um espaço seguro para buscar novas oportunidades, sem pressa e sem comprometer sua saúde financeira. É também prudente fazer uma verificação completa de todos os valores da rescisão para evitar surpresas indesejadas.

Perguntas frequentes

O que acontece com os benefícios como férias e 13º salário ao pedir demissão?
Ao pedir demissão, o trabalhador tem direito a receber os valores proporcionais de férias e 13º salário, mas não receberá férias adicionais ou bônus que não tenham sido acordados.

Qual o prazo para receber a rescisão após a demissão?
Os valores da rescisão devem ser pagos em até 10 dias após o final do contrato, conforme estabelecido pela CLT.

O que ocorre se não cumprir o aviso prévio?
Se o trabalhador optar por não cumprir o aviso prévio, a empresa pode descontar o valor correspondente a um mês de salário da rescisão.

Posso pedir demissão sem motivos?
Sim, o empregado pode pedir demissão por qualquer motivo, desde que siga os trâmites legais para formalizar a saída.

O que é preciso para formalizar a demissão?
É necessário comunicar a decisão por escrito, por meio de uma carta de demissão que contenha data, nome do empregador e a data do último dia de trabalho.

Vale a pena optar pela demissão consensual?
A demissão consensual pode ser uma alternativa vantajosa para aqueles que buscam sair com segurança financeira, mas é importante avaliar todos os detalhes antes de tomar essa decisão.

Conclusão

Pedir demissão é uma decisão que deve ser tomada com cautela e planejamento. É essencial entender os direitos envolvidos, as perdas potenciais e como se preparar financeiramente para uma transição suave. O que recebo se pedir demissão? Saiba seus direitos, perdas e como planejar a saída do emprego é fundamental para que o trabalhador esteja ciente de suas opções e consequências. Ao agir de maneira informada e consciente, é possível buscar um futuro profissional mais alinhado com suas expectativas e sonhos.